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Como lidar com o novo normal: conselhos de clientes da Degreed | Vale

Em algumas empresas, como a Degreed, o trabalho remoto faz parte da cultura. Em outras, trabalhar sem a comodidade de uma mesa e a familiaridade das interações pessoais é uma experiência totalmente nova. A situação é inédita para todos nós. Como manter a concentração, com distrações à espreita em todo canto? Como estar de prontidão, quando as prioridades mudam com a velocidade da luz? Como dizer que “o trabalho é o mesmo de sempre”, quando nada está como sempre foi?

Estamos entrevistando clientes dos mais diversos setores para saber como eles estão apoiando a força de trabalho convertida ao trabalho remoto, criando programas virtuais de aprendizagem e mantendo a produtividade neste momento incerto. A situação é nova para todos nós, mas esperamos que, compartilhando boas práticas, informações e histórias reais, seja possível continuar crescendo, aprendendo e prosperando juntos.

Confira regularmente as novidades de Como lidar com o novo normal: conselhos de clientes da Degreed.

Primeiro, nos reunimos (remotamente, claro) com João Eduardo Del Vechio, analista sênior de aprendizagem digital da Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo. Sediada no Brasil, com colaboradores em 30 países, a Vale está trabalhando para criar formas mais sustentáveis de mineração e utilização dos recursos naturais.

Degreed: Fale um pouco sobre o que a Vale está vivenciando agora. Quais mudanças vocês tiveram de implementar? Como a Vale está evoluindo como empresa neste momento?

João: Bem, há diversas coisas acontecendo. Em nosso escritório do Brasil, onde temos 2.000 pessoas, todos que podem estão trabalhando de casa. Não podemos voltar ao escritório, exceto para trabalhos essenciais, como segurança ou zeladoria. As pessoas que precisam estar no local trabalham em dias alternados.

Também há outras restrições. Pedimos às pessoas que não saiam de casa e não se encontrem com colegas do trabalho. Se você está trabalhando fora do escritório, não deve se encontrar com colegas.

Nossas operações são mais difíceis. Para extrair minério de ferro ou cobre do solo, as pessoas precisam usar explosivos e operar máquinas. Essas pessoas não são dispensadas, mas estão trabalhando a uma distância segura de dois metros. Se não for possível manter a distância de dois metros, essas pessoas não devem estar nesse local.

Degreed: A Vale continua promovendo aprendizagem, treinamento e desenvolvimento. O que vocês têm feito para se ajustar a essa nova situação, tanto em suas ofertas quanto em sua abordagem?

João: Primeiro, criamos uma força-tarefa para a curadoria de conteúdo. O gerente de cargos e e salários está liderando essa força-tarefa, e eu estou cuidando da nossa plataforma Degreed. A plataforma está recebendo picos de acesso. De ontem para hoje, mais 500 pessoas acessaram a Degreed.

Estamos começando a enviar comunicações em massa para estimular nossos colaboradores a usar o conteúdo que estamos selecionando e publicando. Temos uma trilha que eu criei há alguns meses — graças a Deus! — sobre como trabalhar de casa, sobre ergonomia e como manter o mesmo desempenho quando estamos em casa. O material não foi criado para momentos como este, mas está sendo muito útil.

Em relação a nossos treinamentos básicos, conduzidos por instrutores, a primeira medida que tomamos foi cancelar quase tudo. Mantivemos apenas os treinamentos de segurança e os que ajudam nossos colaboradores a evitar riscos. Para esses treinamentos, estamos reduzindo o número de pessoas nas salas e mantendo a distância de dois metros entre os participantes.

Em paralelo, estou desenvolvendo uma ferramenta para treinamentos online com instrutores. Ainda não tínhamos nenhuma sala de aula virtual, estamos desenvolvendo isso agora.

Degreed: Fizemos uma postagem no blog sobre isso recentemente: como passar a oferecer treinamentos virtuais com instrutores! A próxima pergunta é sobre dicas para quem está tendo dificuldades, como uma pessoa que não está acostumada com o trabalho remoto, que não está preparada para isso. O que seria útil para ela no momento?

João: Eu estava falando disso com uma colega minutos atrás. Falei para ela que achei tudo muito legal na segunda, mas na terça eu já estava cansado. Estamos tão acostumados a ir para o escritório, a conversar com as pessoas, tomar um café, voltar ao trabalho. Se for preciso ficar até um pouco mais tarde, você pode ficar no escritório. Mas agora, é tudo tão diferente.

Eu tento não me isolar. É muito confortável não falar com ninguém, fazer a mesma coisa todo dia e ignorar os problemas. Eu tento conversar com as pessoas, me comunicar o máximo possível. Sem exagerar, mas eu tenho um tempinho na minha agenda só para perguntar às pessoas como elas estão. Não se esqueça de que você ainda é humano e amigo, embora exista o coronavírus. Você ainda é humano, não há zumbis, e ainda não estamos no apocalipse zumbi.

Degreed: Como a Vale fez a transição para dar mais liberdade às pessoas como uma força de trabalho remota? Como foi essa mudança para a liderança?

João: A força-tarefa que eu mencionei antes está trabalhando nisso. Uma frente é direcionada a todos os colaboradores. Estamos orientando as pessoas sobre como serem mais produtivas, como continuarem sendo humanas e manterem amizades com outras pessoas, esse tipo de coisa. Dizemos que elas devem se vestir para o trabalho na segunda de manhã, porque é a coisa certa.

A outra frente da força-tarefa é voltada a conversar com gerentes e ouvir o que eles têm a dizer. São 1.600 em todo o mundo, temos que conversar e ouvir para entender o que está se passando. Eles dizem: “Eu não sei mais se as pessoas estão trabalhando. Não vejo se estão fazendo cursos, se estão na praia ou fazendo qualquer outra coisa, porque estão em casa, em quarentena”. Falamos para os gerentes: “Você não precisa saber de tudo isso se eles estiverem entregando resultados”.

Em momentos como esse, o mais importante é que os líderes confiem. Equipes são formadas com base na confiança. Se não houver confiança, ninguém vai entregar o que você precisa, portanto, confiança é a primeira coisa. Além disso, também estamos oferecendo ferramentas de gerenciamento, ensinando-os a usar o Microsoft Planner, o Trello e outras ferramentas.

Degreed: Para a Vale, colocar as pessoas para trabalhar de casa é uma mudança grande. Também é uma mudança de tecnologia: seu pessoal está trabalhando remotamente em todo o Brasil, em locais onde o acesso a Wi-Fi nem sempre é adequado. Como a Vale se preparou para isso?

João: Bem, até agora não tivemos nenhum problema. Em todos os locais em que estamos, como nos instalamos em áreas muito isoladas, proporcionamos infraestrutura às pessoas. Nas cidades, elas têm Internet em casa. Atualmente, elas não podem sair de casa, mas a Vale fornece Internet.

Se você está a bordo de um navio, fornecemos Internet no navio. Onde quer que estejam os colaboradores, eles têm Internet, em casa ou em trânsito. E se você for às minas no Canadá, se for nosso colaborador e trabalhar na área subterrânea, vai ter Internet 4G. Temos antenas subterrâneas para oferecer Internet e acesso a informações, porque eles precisam disso. Precisamos estar em contato com essas pessoas, informá-las de tudo que acontece. Mantemos as linhas de comunicação abertas.

Aprendizagem e upskilling também fazem parte disso. Por exemplo: em uma mina, temos um caminhão que é grande como uma casa, e sempre há dois motoristas no caminhão. Um deles dirige enquanto o outro observa. Eles trabalham em turnos de 30 minutos e, quando um não está trabalhando, não está dirigindo, ele pode aprender. Esse é o ponto-chave, você começa a usar o seu tempo livre. Na verdade, eles estão sendo pagos para aprender.

Degreed: Como você estão se preparando em relação à agilidade?

João: A questão é que a Vale não está pronta para ser ágil. Somos uma empresa tradicional. Imagine vender minério de ferro. Isso não se faz com agilidade, os contratos podem levar anos para serem concluídos, não é algo que exija agilidade.

Mas as pessoas estão trabalhando com agilidade para mudar a maneira de lidarmos com os problemas. Na educação, a Degreed é uma das nossas respostas. É a forma que usamos para levar conteúdo diretamente às pessoas, ajudando-as a manter o foco. Elas podem se concentrar no que precisam fazer: análise operacional, análise financeira, direção. Em qualquer função, você pode se concentrar no conteúdo adequado para você, em uma plataforma única.

Há muita coisa disponível. Existe muito conteúdo no mundo e a questão já não é ter curiosidade, é preciso concentração. É isso que estamos tentando oferecer. Quando você consegue buscar, deliberadamente, o conteúdo de que precisa, você pode começar a ser ágil.