No mundo, a maioria dos colaboradores não trabalha atrás de uma mesa. Mais de 2,7 bilhões de pessoas trabalham em campo. E, mesmo que esse número represente 80% da força de trabalho global, imprescindível para a sustentação de setores essenciais, as equipes de aprendizagem e desenvolvimento ainda têm dificuldade para interagir com esse grupo tão grande.
Um relatório da Emergence Capital revelou que as empresas estão distribuindo principalmente dispositivos de mesa para colaboradores de campo, o que leva mais de 80% dos participantes da pesquisa a responder que precisam usar equipamentos incompatíveis com as atividades que desempenham. Montar e implementar programas de aprendizagem e desenvolvimento nesse contexto pode ser um desafio.
Colaboradores de campo tendem a ser altamente capacitados, quase sempre desempenham atividades manuais e geralmente precisam cumprir normas bastante rigorosas. Como não estão em frente a um computador o dia todo, fica mais difícil para eles receberem treinamento por meio dos vários métodos tradicionais disponíveis no mercado. Consequentemente, esses profissionais podem ficar mais desconectados e menos engajados quando comparados a colegas que trabalham no escritório. Essa situação acaba gerando uma alta rotatividade e taxas menores de retenção entre colaboradores de campo.
Portanto, é fundamental encontrar novas maneiras de engajar — ou reconquistar — esse segmento da força de trabalho. O primeiro benefício será o aumento da satisfação profissional. Vale lembrar que os colaboradores de campo são a espinha dorsal da empresa; por isso a satisfação deles gera mais produtividade e ajuda toda a organização a funcionar com mais tranquilidade. A intensificação do engajamento desses profissionais com a aprendizagem também dá autonomia para as equipes descobrirem novas direções interessantes. É aí que uma plataforma de experiência de aprendizagem (LXP) pode se mostrar útil, pois ajuda as equipes de aprendizagem e desenvolvimento a serem mais criativas.
Aprendizagem personalizada
É comum que os colaboradores de campo sejam separados do restante da empresa. A comunicação tende a ser difícil, gerando pouca conexão entre a gestão e os colaboradores, especialmente no que diz respeito à cultura corporativa.
Em vez de usar métodos de treinamento tradicionais — e, às vezes, enfadonhos —, sua empresa pode oferecer aprendizagem personalizada com a incorporação de novas mídias às estratégias de desenvolvimento. A aprendizagem online, especialmente no ambiente mobile, é uma ótima área a ser explorada. Cursos em vídeo e podcasts podem facilitar a comunicação com os colaboradores onde quer que eles estejam. Vale a pena encurtar o processo de aprendizagem para que os profissionais se sintam mais conectados ao restante da empresa.
Acesso democratizado
É importante que os colaboradores de campo se sintam parte da equipe, mesmo que não tenham contato diário com os colegas do escritório. Por isso, é crucial que todos os colaboradores tenham acesso fácil a recursos educativos em todos os níveis profissionais. A aprendizagem móvel pode ser uma grande aliada quando sua empresa decidir democratizar o acesso ao conhecimento.
Vejamos o exemplo da Polícia de Ottawa. A aprendizagem da corporação tinha como foco principal o desenvolvimento executivo, e até o acesso aos recursos educativos era limitado. A maioria dos policiais, inclusive os de rua, tinha acesso a poucos cursos online por meio de um sistema de gestão de aprendizagem (LMS). A corporação passou por uma verdadeira revolução com a implementação da LXP da Degreed, que passou a oferecer aos usuários uma experiência mais intuitiva, com a centralização do conhecimento, integrações mais fáceis e acesso por dispositivos móveis.
Desde então, 1.600 usuários da Polícia de Ottawa usam a plataforma de LXP todos os meses, superando o referencial de sucesso da Degreed em quase 50%. Policiais de todos os níveis exploram assuntos como liderança, bem-estar e resiliência — muitas vezes de forma colaborativa ou usando recursos de aprendizagem social. Inclusão, consciência cultural, comunicação, autoconsciência e engajamento comunitário estão entre os tópicos mais procurados da corporação.
Estímulo à aprendizagem autônoma
O estímulo à aprendizagem por conta própria é tão importante quanto a democratização do acesso às ferramentas e recursos. Quando alguém consegue aprender de um jeito eficaz e de acordo com seus próprios objetivos, essa pessoa se torna a protagonista de sua história de desenvolvimento.
A implementação de novas experiências de aprendizagem estimulou o nascimento de uma nova mentalidade em colaboradores de todos os níveis da Ecopetrol, a estatal colombiana de petróleo e gás. Além dos profissionais administrativos, a visão de aprendizagem passou a incluir as equipes de campo, e os resultados foram surpreendentes. Em um período de seis meses, os colaboradores da estatal concluíram 440.000 itens de aprendizagem, e apenas 20% deles vieram do LMS da empresa. A maioria dos itens consumidos veio da exploração de áreas que chamavam a atenção dos usuários. Para a surpresa da liderança de aprendizagem, as pessoas que exercem funções de campo, como nas áreas de operações e manutenção, foram as primeiras a adotar e usar a plataforma em peso. Esse engajamento inesperado superou qualquer expectativa da equipe de aprendizagem e desenvolvimento da estatal.
À medida que as empresas inovam cada vez mais em suas tecnologias e processos, os colaboradores precisam estar preparados para acompanhar as mudanças. Uma cultura de aprendizagem positiva admite diversos métodos de aprendizagem e é inclusiva para todos os profissionais — não só para aqueles que estão no escritório.