Como disse o poeta Ralph Waldo Emerson, toda revolução começa como uma única ideia. E quando a mesma ideia se repete, dominando a imaginação de mais de uma pessoa, “é a chave de uma era”.
Seja com a conquista do apoio de stakeholders, o estímulo da adoção dos usuários finais ou a efetivação do modelo revolucionário de negócios do futuro que priorizam as habilidades, o sucesso dos programas de aprendizagem e desenvolvimento depende muito da capacidade dos líderes de aprendizagem de compreender e embarcar nas mudanças, tendências e avanços de hoje.
“Comece pelas tendências que fazem mais sentido para a missão e os objetivos de negócios da sua organização”, aconselha Janice Burns, diretora de transformação da Degreed. “Tome consciência de quais são e não caia na tentação de dar mais de um passo de cada vez”, conclui.
Neste artigo, esmiuçamos o que está com tudo e o que está com nada na área de aprendizagem e desenvolvimento enquanto 2024 se desenrola. Embora esta lista esteja longe de ser exaustiva, ela com certeza aborda pontos que devem ser considerados na hora de tomar decisões estratégicas relacionadas aos seus programas.
O que está com tudo? Inteligência artificial.
Talvez não seja surpresa para ninguém, mas a IA generativa continua sendo o grande assunto nos meios de tecnologia e negócios desde que o ChatGPT caiu na boca do povo no final de 2022. Você pode ter a tendência de pensar que a IA afetará mais as áreas de programação, artes visuais ou até o ato de redigir um e-mail, mas há discussões de que o setor de aprendizagem e desenvolvimento passará por uma enorme mudança.
“De todos os domínios afetados pela IA, talvez a maior transformação esteja acontecendo na aprendizagem corporativa“, aponta o analista Josh Bersin, fundador e CEO da The Josh Bersin Company. “A IA vai revolucionar essa área”, pontua.
Como? Segundo Bersin, a revolução acontecerá na geração de conteúdo (com a redução radical do tempo e da complexidade desse processo), na personalização da experiência do aprendiz (com a compreensão das minúcias dos conteúdos, o ajuste das trilhas de aprendizagem de acordo com as necessidades de cada um e o aperfeiçoamento das formas de disponibilização de conteúdos), na identificação e no desenvolvimento de habilidades (com a inferência das capacidades dos aprendizes e a oferta do treinamento certo) e na substituição de treinamentos por ferramentas de conhecimento (com a criação e o emprego de agentes ou chatbots inteligentes que informam e resolvem problemas).
O que está com nada? Adotar a IA de qualquer jeito.
Em uma pesquisa recente, a IA dominou a lista de tendências na área de aprendizagem e desenvolvimento, com inéditos 21,5% dos votos. Essa pesquisa, a Learning and Development Global Sentiment Survey de 2024, contou com a participação de mais de 3.200 profissionais de aprendizagem e desenvolvimento de 97 países.
Embora a IA tenha encabeçado a lista de tendências, ela também ficou no primeiro lugar da lista dos principais desafios da área de aprendizagem e desenvolvimento em 2024 da Global Sentiment.
“Você leu certo”, reforça Donald H. Taylor, responsável pela pesquisa. “A IA é, ao mesmo tempo, a principal tendência e o maior desafio do próximo ano para os participantes da nossa pesquisa”, explica.
As atitudes variam de empresa para empresa, claro. Os líderes mais preocupados estão particularmente atentos à falta de regulamentação, aos custos da IA, às questões éticas relacionadas à tecnologia, e aos desafios de desenvolver as habilidades necessárias para usar a IA de forma eficaz. Líderes ligados à aprendizagem provavelmente enxergarão esse último ponto como uma oportunidade devido ao interesse de gerar impacto nos negócios com o upskilling de profissionais em áreas fundamentais. Ao mesmo tempo, esses líderes de aprendizagem ficarão cada vez mais encarregados de compreender como incorporar a IA nas plataformas de aprendizagem e desenvolvimento de forma ética, segura e econômica.
O que está com tudo? Desenvolver habilidades incansavelmente por meio de experiências colaborativas.
Você já deve ter ouvido recentemente os termos experiência de aprendizagem em grupo ou academias. Talvez você já esteja até colocando esses conceitos em prática. As academias, segundo Bersin, são “o próximo grande passo na aprendizagem corporativa”. Afinal, elas prometem resolver um problema que bilhões de dólares já gastos ainda não conseguiram resolver: administrar e sanar as crescentes lacunas de habilidades que afetam o mundo todo.
Uma academia é um espaço colaborativo, no qual os aprendizes desenvolvem habilidades profundas alinhadas às necessidades da empresa, geralmente em grupos ou turmas. Os fãs das academias pensam grande e sabem que o upskilling profundo é uma necessidade fundamental de aprendizagem completamente diferente dos treinamentos ou da aprendizagem no dia a dia. O upskilling profundo demanda uma experiência de aprendizagem mais rica, mais longa e mais intensiva.
Além de oferecerem à força de trabalho uma dinâmica social em que é possível aprender com colegas e especialistas e que proporciona contexto, provoca debates e facilita ações de coaching e feedback, as academias podem ajudar as organizações a reduzir custos, alavancar a retenção e o engajamento e estimular o hábito do upskilling e do reskilling contínuos dos seus colaboradores.
O que está com nada? Aprendizagem impositiva.
As pessoas embarcam em experiências educativas personalizadas, relevantes e que as coloquem no caminho do sucesso. A probabilidade de isso acontecer aumenta quando os colaboradores estão engajados com opções e conteúdos de aprendizagem que eles podem gerenciar e consumir por conta própria em vez de treinamentos centralizados e exigidos por força hierárquica.
As forças que estimulam o interesse em alternativas descentralizadas à formação superior tradicional também têm grande influência sobre os negócios. Afinal, o desenvolvimento da força de trabalho é mais eficaz e impactante quando os colaboradores estão engajados com a aprendizagem que é importante não só para suas funções específicas, como também para suas necessidades individuais imediatas e para seus objetivos pessoais de longo prazo.
Como bem disse recentemente Maxwell Wessel, o presidente da Degreed, “o crescimento profissional ganha velocidade se houver garantia de que os conhecimentos necessários estarão na palma da mão… Em uma organização baseada em habilidades, é muito mais fácil direcionar conteúdos relevantes para os colaboradores e mantê-los no ritmo do que pedir para que eles aprendam tudo o que uma pessoa razoável precisaria saber para desempenhar a função.”
O que está com tudo? A democratização da aprendizagem com foco nos colaboradores de campo.
O mercado global de treinamento para colaboradores de campo provavelmente dobrará e ultrapassará a casa dos US$ 46 bilhões até 2028, segundo um relatório recente elaborado pela consultoria de gestão MarketsandMarkets.
De acordo com o relatório, o engajamento de colaboradores de campo gera benefícios como redução de acidentes, de lesões e da rotatividade da força de trabalho, bem como o aumento da satisfação dos clientes, da agilidade operacional e da motivação.
Representando 70% da força de trabalho dos EUA, os colaboradores de campo — como os dos setores de varejo, hotelaria e saúde — têm mais chances de dar mais importância ao crescimento profissional do que à remuneração, apontam os analistas de mercado da McKinsey & Co.
Os colaboradores de campo tendem a ser muito qualificados, costumam desempenhar funções manuais e geralmente precisam cumprir rigorosos regulamentos de compliance. Por não ficarem na frente de um computador ao longo do dia, às vezes é mais desafiador para eles passarem por treinamentos oferecidos nos moldes tradicionais.
O acesso à aprendizagem é fundamental. É importante que os colaboradores de campo sintam que fazem parte da equipe, mesmo que não tenham contato diário com os colegas do escritório. Para democratizar a aprendizagem para os colaboradores de campo e colher seus frutos, é crucial que todos tenham acesso fácil a recursos educativos em todos os níveis profissionais.
O que está com nada? Programas de aprendizagem focados apenas em colaboradores em funções administrativas ou profissionais de atividades intelectuais.
Se a democratização da aprendizagem é a chave para alcançar os colaboradores de campo, é preciso ir além das estratégias e programas de aprendizagem e desenvolvimento amplamente difundidos e focados nos colaboradores em funções mais administrativas. Mas como fazer isso? Vejamos esse ponto mais de perto.
Comece com opções online e para dispositivos móveis; cursos em vídeo, podcasts e, geralmente, qualquer tipo de conteúdo curto pode facilitar a aprendizagem para colaboradores de campo ou que trabalham se deslocando.
A implementação de novas experiências de aprendizagem estimulou o nascimento de uma nova mentalidade em colaboradores de todos os níveis da Ecopetrol, a estatal colombiana de petróleo e gás. Em um período de seis meses, os colaboradores da estatal concluíram 440.000 itens de aprendizagem. Para a surpresa da liderança de aprendizagem, as pessoas que exercem funções de campo, como nas áreas de operações e manutenção, foram as primeiras a adotar e usar a plataforma em peso. Esse engajamento inesperado superou qualquer expectativa da equipe de aprendizagem e desenvolvimento da estatal.
O estímulo à aprendizagem por conta própria é tão importante quanto a democratização do acesso às ferramentas e recursos. Quando alguém consegue aprender de um jeito eficaz e de acordo com seus próprios objetivos, essa pessoa se torna a protagonista de sua história de desenvolvimento.
Quer saber mais?
Em 2024, seus programas de aprendizagem e desenvolvimento estão bombando ou capengando? Confira o nosso relatório Como a força de trabalho aprende para descobrir como a aprendizagem pode beneficiar os negócios.